O investimento do Alibaba de mais de US$ 50 bilhões voltados à Inteligência Artificial (IA) e computação em nuvem começa a ter retorno. No último desdobramento relacionado ao tema, a família de modelos de linguagem da companhia, conhecida como Qwen, foi adotada por startups do Japão no desenvolvimento de projetos. As informações são da Nikkei Asia.

Um exemplo prático é o da Abeja, que anunciou em 17 de abril o lançamento do QwQ-32B Reasoning Model. A solução, baseada na tecnologia open source (código aberto) da Alibaba, apresentou alto desempenho em tarefas complexas de raciocínio e tomada de decisão.
Outras startups japonesas também utilizam o Qwen como base para seus sistemas de IA. É o caso da Elyza, Lightblue — ambas ligadas à Universidade de Tóquio — e da Axcxept.
De acordo com Li Zhihui, do Instituto de Pesquisa Nomura, um dos diferenciais do Qwen é sua capacidade de oferecer resultados precisos mesmo com conjuntos de dados reduzidos. O modelo também se destaca pela proficiência no idioma japonês em diversos benchmarks.
Segundo a Alibaba Cloud, mais de 100 mil modelos derivados do Qwen já foram desenvolvidos na plataforma Hugging Face. A empresa avalia que o sistema tem ganhado reconhecimento global, especialmente entre os modelos abertos criados na China.
Bom retrospecto
A versão fechada Qwen2.5-Max, lançada em janeiro pelo Alibaba, também teve destaque no ranking elaborado pela Nikkei Digital Governance em parceria com a plataforma americana Weights & Biases. O modelo ficou em sexto lugar entre 113 avaliados, superando concorrentes de peso como o DeepSeek, da China, em áreas como gramática, raciocínio lógico e matemática — tudo em japonês.
Os modelos abertos do Qwen também estão com resultados expressivos. O Qwen2.5-32B, uma versão de acesso mais amplo, alcançou a 26ª posição no mesmo ranking, superando o Gemma-3-27B, do Google (32º lugar), e o Llama 3 70B Instruct, da Meta (57º). Já o Abeja-Qwen2.5-32B, versão desenvolvida no Japão, atingiu a melhor colocação entre os modelos locais, em 21º.
Expansão contínua
Para atender ao mercado japonês, a Alibaba planeja adaptar os modelos às necessidades locais. A intenção é implantar parte das soluções em servidores no Japão, a fim de evitar o envio de dados sensíveis ao exterior. A companhia está em negociação com empresas japonesas e espera alcançar mais de mil negócios atendidos pelo Qwen nos próximos três anos, segundo Masahiro Yosano, chefe da operação local.
Em 29 de abril, a empresa lançou a geração de modelos Qwen3. Treinado com cerca de 36 trilhões de tokens — o dobro em relação à versão anterior —, o modelo agora oferece suporte a 119 idiomas e dialetos.